Esta notícia entristece-me. Entristece-me ver que nas coisas menos boas nunca ficamos na rabo da Europa, não senhora, estamos sempre no pódio. E não, este estudo não foi feito com meia dúzia de países, foi feito com 188. Este assunto em particular não é fácil de resolver, trata-se de mudar de hábitos e rotinas e nisto, nós portugueses, e eu incluída, somos muito resistentes. A mudança é coisa para nos assustar, para nos criar angústias. Penso que há muitos factores por detrás do resultado deste estudo e uma delas é sem dúvida a falta de dinheiro. A falta de dinheiro, como explica esta notícia, acaba por levar as pessoas e preocuparem-se mais com valor dos alimentos do que com o seu valor nutricional. Ora isto é muito bonito e eu até concordo que há por aqui uma série de situações em que o nosso querido governo podia dar uma ajuda, nomeadamente promover programas junto das escolas para ensinar a criançada a comer. Escolher muito bem os caterings das cantinas que servem nas escolas. Lá está, não as escolher pelo mais barato, mas sim por aquela que oferece mais variedade e maior valor nutricional nas refeições.
Mas o governo não é o responsável pelas nossas cabeças pequeninas. De cada vez que vou ao supermercado e vejo cestos e carrinhos cheios de bolachas e bolinhos coloridos, iogurtes com bonequinhos fofos, pãozinho de forma daquele branquinho e suminhos e colas que são consumidos a todas as refeições pelos putos até me coço toda. Eu sei que é mais fácil mandar um bolicau para o lanche dos putos do que lhe fazer um pão com doce de fruta, por exemplo, até porque o bolicau traz um cromo e o pão preparado pela mãe não. Mas os putos já praticamente só mexem os olhinhos e os polegares, se não os alimentamos bem e não os pomos a andar de bicicleta, a jogar à bola, ou ao elástico e os pomos apenas em frente à televisão não podemos querer mudar este cenário de obesidade crescente. O dinheiro, ou a falta dele não pode servir de desculpa para tudo. Uma alface é mais barata do que um pacote de alface já lavada e partida. O pão de mistura é mais barato do que o pão de forma branco cheio de açúcares. As gelatinas de pacote que só necessitam de água e umas horas no frigorífico são mais baratas do que as gelatinas já feitas e embaladas. A água é mais barata que qualquer sumo. Qualquer bolo feito em casa fica mais barato do que os bolos embalados. Pareço uma nazi da alimentação a falar, mas até nem sou, também como chocolates, também eu, por vezes (cada vez menos vezes), vou tomar o pequeno almoço ao café, também eu, de vez em quando, como fast food e adoro, também eu, por vezes, compro alfaces embaladas. Dos sumos não falo porque não gosto e não consumo, mas admito que haja quem goste. O segredo, se é que existe um segredo é que tudo isto seja a excepção e não a regra. No meu caso pessoal não posso dizer que alguma vez me tenha alimentado mal, porque na minha família de beirões não se brinca com a comidinha e cada refeição é levada muito a sério, mas confesso que nunca tive tão pouco dinheiro e nunca olhei tanto para o preço das coisas como agora, mas também nunca me alimentei tão bem e com tanto cuidado como faço hoje.
http://www.publico.pt/sociedade/noticia/portugal-e-o-terceiro-pais-da-europa-ocidental-com-mais-raparigas-obesas-1637894
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