segunda-feira, 5 de maio de 2014

Crónicas Felinas



Acho que ainda estou com os olhos inchados de tanto chorar no Sábado de manhã. Sou uma controladora, assumo. Há coisas que gosto de ter bem controladas e não estou a falar dos gajos que passam, passaram ou irão passar na minha vida. Esses podem andar descansados da vida que eu dificilmente controlo o quer que seja. Estou mesmo a falar de mim própria e das minhas coisas e neste caso em particular dos meus gatos. A última coisa que faço antes de saír de casa é ver onde eles andam, a primeira coisa que faço quando chego também, aliás quando chego são sempre eles que me vão buscar à porta e se não vão algo se passa. Também tenho o hábito de ver por onde eles andam quando me vou deitar, excepto na 6ª feira passada. Adormeci no sofá com os dois por cima de mim e quando acordei de madrugada para ir para a cama só estava um em cima do sofá. Olhei para o outro sofá e nada de Igor. Pensei para mim mesma: deixa de ser controladora, o bicho está a dormir descansado num qualquer canto da casa, vai mas é para a cama. E lá fui.
Acordei de manhã e como sempre levantei-me ao mesmo tempo que chamava por eles: Igor!? Fred!? O Fred lá veio aos saltos e do Igor nada. Chamei, chamei, procurei pela casa toda. Dentro das camas, debaixo dos móveis, dentro dos armários, na máquina da roupa, na máquina da loiça. Comecei a entrar em parafuso. Alarme! Havia uma janela um pouco aberta. Nem uma pata lá cabia, mas já em desespero pareceu-me que cabiam lá 3 gatos ao mesmo tempo. As lágrimas começaram, a rolar pela cara abaixo. O Pânico instalou-se. O Igor não está em casa, caíu da janela, está desfeito lá em baixo ou então não se esborrachou, mas com o susto fugiu e enfiou-se debaixo de um carro. Resultado, lá vou eu de calças de fato de treino acabada de acordar correr pelo bairro a chamar pelo Igor e a abanar uma caixa de biscoitos. Andei nisto durante duas horas até que voltei para casa e comecei a escrever um daqueles cartazes de animais desaparecidos. Toda eu escorria lágrimas pela cara abaixo. Passei o documento para uma pen, liguei para uma casa de cópias e já estava preparada para saír de casa quando o rapaz lá de casa me pega pela mão e diz baixinho: anda cá. Então não é que o cabrão estava dentro do roupeiro do meu quarto a dormir tranquilamente. Resultado, desfiz-me em lágrimas quando o vi. Aquela cena de que já falei aqui, o despego, não é para mim. 

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