Acho que ainda estou com os olhos inchados de tanto chorar no Sábado de manhã. Sou uma controladora, assumo. Há coisas que gosto de ter bem controladas e não estou a falar dos gajos que passam, passaram ou irão passar na minha vida. Esses podem andar descansados da vida que eu dificilmente controlo o quer que seja. Estou mesmo a falar de mim própria e das minhas coisas e neste caso em particular dos meus gatos. A última coisa que faço antes de saír de casa é ver onde eles andam, a primeira coisa que faço quando chego também, aliás quando chego são sempre eles que me vão buscar à porta e se não vão algo se passa. Também tenho o hábito de ver por onde eles andam quando me vou deitar, excepto na 6ª feira passada. Adormeci no sofá com os dois por cima de mim e quando acordei de madrugada para ir para a cama só estava um em cima do sofá. Olhei para o outro sofá e nada de Igor. Pensei para mim mesma: deixa de ser controladora, o bicho está a dormir descansado num qualquer canto da casa, vai mas é para a cama. E lá fui.
Acordei de manhã e como sempre levantei-me ao mesmo tempo que chamava por eles: Igor!? Fred!? O Fred lá veio aos saltos e do Igor nada. Chamei, chamei, procurei pela casa toda. Dentro das camas, debaixo dos móveis, dentro dos armários, na máquina da roupa, na máquina da loiça. Comecei a entrar em parafuso. Alarme! Havia uma janela um pouco aberta. Nem uma pata lá cabia, mas já em desespero pareceu-me que cabiam lá 3 gatos ao mesmo tempo. As lágrimas começaram, a rolar pela cara abaixo. O Pânico instalou-se. O Igor não está em casa, caíu da janela, está desfeito lá em baixo ou então não se esborrachou, mas com o susto fugiu e enfiou-se debaixo de um carro. Resultado, lá vou eu de calças de fato de treino acabada de acordar correr pelo bairro a chamar pelo Igor e a abanar uma caixa de biscoitos. Andei nisto durante duas horas até que voltei para casa e comecei a escrever um daqueles cartazes de animais desaparecidos. Toda eu escorria lágrimas pela cara abaixo. Passei o documento para uma pen, liguei para uma casa de cópias e já estava preparada para saír de casa quando o rapaz lá de casa me pega pela mão e diz baixinho: anda cá. Então não é que o cabrão estava dentro do roupeiro do meu quarto a dormir tranquilamente. Resultado, desfiz-me em lágrimas quando o vi. Aquela cena de que já falei aqui, o despego, não é para mim.
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